Da Proposta Arquitetônica
A idéia da proposta foi criar uma edificação visando a um espaço em que se tornasse ideal a apresentação de quaisquer tipos de espetáculos com uma grande capacidade de espectadores, em um lugar confortável, adequado e que, ao mesmo tempo não causasse perturbações aos vizinhos imediatos.
Deste modo, projetou-se uma casa de show com ambientes distintos, dividida em grandes áreas, separando públicos em pé de sentados, “VIP” e camarotes, com um palco de grande capacidade, além de espaço para orquestra, acessos através do subsolo para artistas e músicos.






Do Partido Arquitetônico
A simetria é o ponto forte do partido arquitetônico que baseando-se tanto em grandes construções feitas em arco de aço para a fachada, como em um “jogo” de diferentes alturas em suas laterais.
A fachada é rigidamente simétrica de ponta a ponta, sendo lançado um arco em aço como ligação de tal simetria. O acesso ao subsolo faz referência aos “subways”, estações de metrô subterrâneas, com uma estrutura no mesmo material, ou seja, fazendo lembrar uma versão em miniatura do arco da fachada.
Cabos de aço e tirantes são igualmente bastante utilizados dentro da estrutura do projeto, assim como o vidro e o concreto.


Da Implantação
A edificação foi implantada tendo como referência a BR-230, e o terreno que a objetivou-se gerar um estacionamento que suportasse a capacidade idealizada e um lazer externo.
O fato da frente do terreno ser virada para o nascente também ajudou na escolha da implantação de quais os ambientes que deveriam ficar no lado poente da edificação.
Buscou-se posicionar a edificação de modo que ela fosse avistada por sua imponência e estrutura. A implantação afastada da BR-230 gerou algumas implicações para esta via, no que se refere ao fluxo de retorno existente à frente do terreno, que teve de ser relocado para mais adiante, em direção a Cabedelo, pois o mesmo geraria um acúmulo de carros em frente ao terreno, podendo provocar engarrafamentos e prováveis acidentes.
O estacionamento com dois acessos, um via paralela à BR-230 e outro pela rua sem nome, ao oeste, ficou localizado ao sul do terreno, fora do campo de visão da fachada da edificação.
A oeste está localizado o estacionamento para embarque e desembarque de ônibus, bem como o pátio de manobra para carga e descarga, as docas, entrada de serviço e o acesso dos artistas e da segurança.
Ao norte foram planejados os pontos de taxi e de ônibus (embarque e desembarque) exclusivos para as pessoas que chegam de outros municípios e até outros estados em excursões, e, ao leste, encontra-se o acesso principal do
público, a edificação, as bilheterias e os acessos para os camarins e o quiosque.
A edificação localiza-se na parte mais a norte do terreno e é composta por subsolo, térreo, 1º pavimento e coberta.


Subsolo
Este pavimento foi setorizado de modo que o serviço pudesse ser localizado em um único nível. Sendo assim, neste pavimento encontram-se os depósitos de materiais e de equipamentos; depósitos de comidas e de bebidas;
depósito de material de limpeza (DML); elevadores de serviço, banheiros feminino e masculino, acesso ao palco, podendo ser por escada ou elevador, uma circulação técnica que leva às cabines de luz, som e vídeo da casa de show, além de um estacionamento com capacidade para 1000 automóveis, das quais 16 vagas são para PNE e 100 vagas para motos.
Localiza-se, também neste pavimento, o camarim e a plataforma da orquestra que possui três níveis de elevação, de modo a conduzir a orquestra ao palco ou deixá-la ao nível da pista. Optou-se por este sistema para que a
orquestra inteira não precisasse entrar pelo mesmo local por onde os artistas entrariam, dando uma privacidade tanto a estes como àqueles.
Por adequado posicionamento do palco, foi possível localizar o fosso e plataforma da orquestra com 3 posições de utilização:
· Nível superior: Ao nível do palco estendendo o palco de orquestra e tornando-o mais perto do público.
· Nível intermédio: Ao nível do salão, para utilização como fosso de orquestra de uma ópera.
· Nível inferior: Ao nível do subsolo permitindo uma assembléia de músicos e o acesso ao palco.
Interessante é o partido cênico deste dispositivo mecânico móvel que permite descer ou elevar uma orquestra, ou outro interveniente, em plena representação.





Térreo
È no térreo onde está localizada a maior parte dos ambientes, dos espaços e das praças da casa de show.
O acesso dos artistas se dá pelas duas extremidades do palco da edificação, onde podem ser encontrados banheiros sociais, sala de estar e concentração e camarins. Logo próximo, encontra-se uma sala para a imprensa e uma copa para servir aos artistas e aos “holders” que sempre os acompanham.
Mais ao sul do palco pode-se encontrar elevadores de serviço, doca, controle de entrada e de saída de equipamentos e acesso para o subsolo.
O palco se encontra ao mesmo nível do acesso dos artistas, a oeste da edificação de forma centralizada. É dotado de coxia e de ciclorama aos fundos, cortinas de boca na frente e o proscênio para a orquestra.
Mais ao centro tem-se a pista (salão principal), com uma área de 3.044,00 m² e uma capacidade para 15.250 pessoas, onde, nas laterais estão localizados os bares, banheiros, voltados, também, para PNE, e as saídas de
emergência com uma vazão de 20 pessoas por vês em cada lado.
O cálculo da capacidade foi baseado no modo como os bombeiros contam a quantidade de pessoas em uma multidão, ou seja, em três níveis, o baixo, o confortável e o alto, dentro de 1 (um) metro quadrado.
O nível baixo contendo duas pessoas, o confortável, 4 pessoas e o alto (desconfortável) 6 pessoas por metro quadrado. Foi utilizado para pista 5 (cinco) pessoas/m² e nos camarotes uma variação de 3 a 4 pessoas/m².
Por trás da pista de platéia, tem-se a cabine de controle de som, vídeo e iluminação — cujo acesso se dá pelo subsolo, sala de segurança e enfermarias.
O Foyer, localizado por trás da cabine controle de som, vídeo e iluminação é dotado de mais bares, depósitos, é por onde se tem acesso aos demais ambientes da casa de show, como setor de administração, circulação
de serviço, hall principal, lojas e camarotes.
Na área externa, ainda pode-se encontrar o quiosque, bilheterias, lojas e um acesso para o subsolo.


1º Pavimento
Podem-se encontrar, no primeiro pavimento, camarotes em três níveis de variação de altura, camarotes individuais, bares, depósitos, sala de segurança, enfermaria e banheiros adaptados para PNE.
Os níveis em cada camarote podem ser alcançados com ajuda de escadas rolantes nas extremidades, estas dotadas de um sistema destinado a pessoas com mobilidade reduzida, que não utilizam essencialmente cadeiras
de rodas, possibilitando a transposição entre os camarotes.
Ainda no 1º pavimento, encontram-se camarins reservados para artistas e personalidades que possam vir a fazer presença nos espetáculos, além de camarins para os artistas que se apresentarão no momento.
Os camarotes possuem uma capacidade para 1.800 pessoas.
Coberta
A coberta é dotada de uma simples estrutura de aço e concreto armado recobertos com telhas de alumínio na parte do vão e policarbonato nas clarabóias. Duas torres laterais resguardam as caixas d’água da edificação.
O heliporto, ponto de destaque, se fez necessário pelo fato do crescimento acelerado da cidade e do fato de só se ter um heliporto em toda cidade (Hospital do Trauma), fazendo com que a polícia federal, que comanda estes tipos de aeronaves, o utilize para facilitar suas operações.
O heliporto foi dimensionado visando o tamanho da maior aeronave que operará no local, logo, adotou o modelo Sykosky S76. Foi executado com laje de concreto tipo Steel Deck. Para diminuir o peso próprio da estrutura, na
região dos balanços foram aplicadas chapas metálicas com piso.
Sistema Estrutural
A edificação é dotada de um sistema estrutural de concreto armado em sua maioria. Para se obter o vão central da pista usou-se pilares de concreto e aço e treliças de aço, contraventamentos e vigamentos transversais acompanhando a largura do vão, ganhando, assim, mais espaço no centro da edificação.

Fachadas
As fachadas com diversificação de materiais, de modo a destacar a edificação em meio ao ambiente no qual a mesma foi implantada.
O uso do imenso arco em aço e tirantes de aço, na fachada frontal, faz com que a edificação imponha sua imponência e porte. Buscou-se sempre a simetria como padrão, sendo quebrada, algumas vezes, com o uso de
materiais e cores fortes.
O painel de vidro é suportado por uma malha tubular de aço com ganchos com parafusos presos aos vidros, aproveitando a transparência do vidro e gerando maior leveza na fachada. O uso de placas metálicas tipo Alucobond,
também foram utilizada, sendo criando um painel frontal aos vidros.
As bilheterias foram revestidas com argamassa e textura de cor avermelhada, assim como as torres laterais texturadas de azul.
A preocupação maior foi garantir às fachadas a leveza da forma e simultaneamente dar monumentalidade a edificação.
Acústica
A acústica será feita através de painéis de lã de rocha que provém de fibras minerais de rocha vulcânica. Além de não reter água, uma vez que possui uma estrutura não capilar, as alterações perante eventuais condensações são nulas.
O Painel é rígido em lã de rocha basáltica THERMAX, revestido em sua face visível com um filme de PVC texturizado na cor branca. Proporciona diminuição do calor, maior silêncio, proteção contra incêndios, luminosidade, e economia. Conserva a estética, conforto termo-acústico e praticidade. Sendo removível, permite fácil acesso à manutenção das instalações elétricas, hidráulicas e ar condicionado.
Ficha técnica:
Projeto Final de Graduação
Instituição: Unipê
Ano: 2007
Orientador: Cristiano Rolim